Em entrevista ao Correio Braziliense, o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (SINDIPOL/DF), Flávio Werneck, ressaltou a preocupação dos servidores quanto a instabilidade institucional de trocas sucessivas no comando da PF; Rogério Galloro tomou posse nesta semana substituindo Fernando Segóvia.
Muito embora seja um nome que tem o apoio da maioria dos policiais e da sociedade em geral; tem um mandato curto, de apenas 9 meses. Para Werneck, “Segóvia tentou trabalhar a pacificação interna. Esperamos que o Galloro tenha atenção também com esse compromisso”.
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Sob a sombra de uma gestão polêmica do antecessor, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, tomou posse ontem, no Palácio da Justiça, em Brasília. Ele substitui o delegado Fernando Segóvia, que deixou o cargo após uma série de declarações envolvendo um inquérito que corre na corporação contra o presidente Michel Temer. O chefe do Executivo não compareceu à posse, e viajou para São Paulo, onde participou da entrega de ambulâncias.
Com a troca de comando na corporação, as atenções se voltam para o Grupo de Inquéritos do STF (Ginq). A equipe que integra esse grupo recebeu reforços em janeiro deste ano. No ano passado, eram 53 servidores, que, com o acréscimo de pessoal, chega agora a 85. O número de delegados também saltou de nove para 17. Em 2017, os delegados que integram o grupo, que é responsável por investigar autoridades com foro privilegiado, divulgaram um ofício, no qual alertaram que não aceitariam interferências nas diligências que estão em andamento. A manifestação ocorreu por conta de declarações de Fernando Segóvia, que deu a entender que o inquérito contra o presidente Temer seria arquivado.
O delegado Eugênio Ricas, atual chefe do setor de investigação da PF, afirmou, em um memorando, que “as investigações vão continuar, doa em quem doer”. Em seu primeiro discurso de posse, Galloro afirmou que os trabalhos da Lava-Jato, maior operação em andamento, vão continuar e que o Ginq não sofrerá alterações. “A Lava-Jato continua forte e a equipe do Ginq continua íntegra. Desde já, reafirmo o compromisso do ministro Jungmann de reforçar a equipe”, afirmou Galloro.
O novo diretor-geral destacou que conhece a rotina administrativa da Polícia Federal, lembrando que acompanhou de perto a gestão de Leandro Daiello, que ocupou o comando da instituição entre 2011 e 2017. “É um cargo que exige extrema atenção. Tamanha responsabilidade será suportada com coragem. Ouvir o superior hierárquico e, em especial, os servidores. Fiz parte de toda a gestão do doutor Leandro Daiello. Fiz parte inclusive da Operação Lava-Jato, na coordenação-geral de combate à corrupção. A Lava-Jato continua forte”, completou.
Além do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que assinou a posse de Galloro, estiveram presentes na solenidade o ministro Torquato Jardim, da Justiça, e o ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fernando Segóvia, em um discurso que demonstrava insegurança, avaliou positivamente os três meses de gestão. “Vim, vi e venci, como dizia o imperador romano Júlio César. Fizemos uma gestão produtiva. A PF é forte, e vai continuar fazendo seu trabalho, ao contrário do que acreditam terceiros que querem enfraquecer a corporação”, disse.
Avaliação
Entre os policiais e delegados, o clima é de apreensão. O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Flávio Werneck, destacou que a nova gestão pode ter vida curta. “Nós temos um período muito curto de mandato. Troca o presidente, não sabemos se ele permanece. O Segóvia tentou trabalhar a pacificação interna. Mas ainda é necessário ter uma atenção nesse compromisso. Galloro tem um perfil investigativo e deve reforçar a Lava-Jato, e outras investigações de combate à corrupção, o que é uma demanda da sociedade”, afirmou.
Galloro está na Polícia Federal há 23 anos. Ele foi diretor executivo na gestão de Leandro Daiello, superintendente em Goiás, diretor de Administração e Logística e adido policial nos Estados Unidos. Atuou ainda como coordenador das forças da PF na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Em novembro, assumiu a Secretaria Nacional de Justiça, e também integra o Comitê Executivo da Interpol.
Galloro tem um perfil investigativo e deve reforçar a Lava-Jato, e outras investigações de combate à corrupção, o que é uma demanda da sociedade” Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal
Fonte: CORREIO BRAZILIENSE – DF
Autor: Renato Souza
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