Fonte: Correio Braziliense
Com a reforma ministerial concentrada na cabeça da presidente Dilma Rousseff, a temporada de especulações e apresentações de nomes, muitas vezes com o intuito de “fritar” companheiros, aumenta a cada dia em Brasília. De malas prontas para a Casa Civil, no fim deste mês, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disputa com setores do PT a primazia de indicar o nome do próprio sucessor. Ele defende a nomeação do atual secretário executivo da pasta, José Henrique Paim, para sucedê-lo. Petistas apoiam Marta Suplicy, atual ministra da Cultura, sob o argumento de que ela teria mais peso político para ocupar uma pasta importante.
Mais do que isso. A ascensão de Marta seria importante, na avaliação de alguns militantes paulistas, para azeitar o PT em São Paulo, uma vez que ainda teria prestígio junto à militância e poderia dar um upgrade na campanha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que conta com um nível de conhecimento baixo no eleitorado e que sofre com a baixa popularidade do prefeito da capital, Fernando Haddad.
Embora discretamente, Marta não tem desestimulado a campanha a seu favor. Ela sabe que ainda tem peso eleitoral no partido, mas que precisa do discurso dos correligionários, uma vez que, no Palácio do Planalto, a opção por ela não seja a primeira na lista de escolhas da presidente. Desde que chegou à primeira vez ao Executivo federal, ainda durante o governo Lula, Marta sempre deixou implícito que ambicionava pastas mais estratégicas ou com orçamentos mais robustos, como a própria Educação ou o Ministério das Cidades.
Indicação técnica
Mas seus planos nunca deram certo, mesmo com o PT reconhecendo o peso político da ex-prefeita no processo. “A presidente Dilma Rousseff está muito tranquila se precisar negar a pasta para Marta. Se alguém questionar as razões para a não indicação, bastará à presidente questionar: se é assim, por que Lula não a colocou em um dos dois ministérios que ela sonhava?”, afirmou uma liderança petista.
Interlocutores martistas lembram que é preferível um nome político, e não apenas técnico, para o ministério. Paim está no cargo desde 2008 — antes era presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O Correio apurou que a presidente gosta muito do trabalho de Paim e que teria prometido o cargo, tão logo Haddad sinalizou que deixaria o ministério para concorrer à prefeitura de São Paulo. Mas acabou optando por Mercadante para o comando da pasta, deixando, mais uma vez, Paim na fila de espera.
O presidente estadual do PT em São Paulo, Emídio de Souza, não acredita que Marta esteja fazendo gestos explícitos para trocar de pasta e assumir a Educação. “É evidente que alguns companheiros podem defender isso, mas não existe nada orgânico do PT nem da própria Marta. Pelo que conversei com ela, está bastante confortável e gostando do trabalho que exerce no Ministério da Cultura”, disse Emídio.
“Pelo que conversei com ela (Marta Suplicy), está bastante confortável e gostando do trabalho que exerce no Ministério da Cultura”
Emídio de Souza, presidente do PT-SP
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