O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal fecha o cerco aos petistas acusados de receber dinheiro do caixa 2 do partido e prepara uma auditoria para analisar as contas do partido e de seus ex-dirigentes na capital federal. O PT do Distrito Federal promete recorrer da decisão do TRE, que autorizou a quebra do sigilo bancário do diretório do partido, do ex-presidente Wilmar Lacerda e do tesoureiro Inimar Nascimento, entre 1999 e 2005. Ontem, os petistas foram notificados pelo oficial de Justiça da decisão do desembargador federal Jirair Aran Meguerian, relator do processo, que deu 10 dias ao PT e seus ex-dirigentes para apresentarem defesa.
O advogado do PT, Claudismar Zupiroli, anuncia que já prepara um recurso contra a decisão. Ele argumenta que a lei não prevê a quebra de sigilo de pessoa física e que a competência para decidir pela quebra de sigilo, nesse caso, é do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Como a denúncia é de um repasse do PT nacional, a competência não pode ser da Justiça local”, observa o advogado, que não vê necessidade de uma análise das contas do PT do DF.
Mas o TRE acatou um pedido do processo movido contra o PT pelo PMDB, iniciado em julho, quando veio a tona que Wilmar Lacerda e Raimundo Júnior tinham sacado dinheiro na conta de Marcos Valério, no Banco Rural, no Brasília Shopping. Wilmar admite que recebeu o dinheiro, oferecido, na época, pelo tesoureiro nacional da legenda Delúbio Soares. Tranqüilo, o ex-presidente do PT diz que já colocou à disposição não apenas suas movimentações financeiras como também a de sua mulher.
Saque
“Já fui também ao Banco Central para autorizar a quebra do meu sigilo bancário”, afirma Wilmar. Ele admite ter sacado R$ 50 mil em 2003, depois de autorizado por Delúbio, para quitar a dívida do partido. Mas se defende, dizendo desconhecer a origem dos recursos. O ex-presidente do PT do DF calcula que o partido estava mergulhado numa dívida de R$ 250 mil. Já o vice-presidente da sigla Raimundo Júnior teria recebido R$ 100 mil. Ele era assessor do deputado Paulo Delgado (PT-MG), mas foi exonerado após seu nome aparecer na lista de sacadores.
Assim que o nome de Raimundo Júnior e de Wilmar apareceram na lista do publicitário Marcos Valério, o PMDB entrou com um processo contra o PT, para apurar irregularidades no financiamento de campanhas. A petição inicial dos peemedebistas pedia a quebra de sigilo de todos os dirigentes do partido no DF entre 1995 e 2005. Mas diante da possibilidade de a ação tramitar no TSE, por causa dos deputados federais e senadores que comandaram o partido no passado, o PMDB decidiu limitar o pedido de quebra de sigilo entre 1999 e 2005.
Ontem, quando as partes foram notificadas, começou a correr o prazo de 10 dias para que apresentem defesa e tentem reverter o pedido de quebra de sigilo. Se isso não ocorrer, o TRE acionará imediatamente o Banco Central, para solicitar as informações bancárias e dar início a auditoria, que será feita pelo setor de controle interno do próprio órgão. “Eu combinei com o oficial de Justiça que ele deixasse a notificação na sede do partido para eu assinar. Não temo nada, mas são os advogados do PT que vão tratar da questão”, explica Wilmar.
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