Por: Francisco Carlos Garisto
“O superintendente da Polícia Federal do RS, Ildo Gasparetto, foi sondando pela equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff, para assumir a direção-geral do órgão.”
Essa foi a notícia estampada com alarde pelo portal UOL nesse domingo. Não se sabe se a notícia é verdadeira ou se é apenas um “lançamento”, justamente para “queimar” o sondado delegado Gasparetto. A briga entre os delegados pelo cobiçado e estratégico cargo é encarniçada.
Falo isso porque ,o nome que o atual diretor “geral” (Geral com aspas, porque ele não é geral.Na prática é apenas diretor dos delegados) , Luiz Fernando Corrêa está “trabalhando” para ser o seu sucessor não é esse. Luiz Fernando sonha, e está fazendo um lobby terrível em favor do delegado Roberto Troncon Filho, e também para um delegado chamado Puntel.
Em uma enquete realizada pela FENAPEF – Federação Nacional dos Policiais Federais, quase 80% por cento dos servidores do órgão NÃO GOSTARIAM de ver, de forma nenhuma, um delegado sendo nomeado como diretor geral da Polícia Federal.
Qualquer delegado é considerado, pela maioria esmagadora, como uma indicação política e corporativa, já que o atual diretor, Luiz Fernando Corrêa é chamado de traidor pela categoria. É acusado também de ser corporativo ao extremo, já que através de sua nefasta administração, não trouxe nada que pudesse melhorar a precária situação organizacional da Polícia Federal. Em plebiscito Nacional sua administração foi rejeitada por 81% dos policiais.
Luiz Fernando, no período que está à frente da PF só causou desavenças internas. Destituiu da função de chefia todo servidor que não fosse delegado, mesmo que esse servidor tivesse mais competência e 30 anos de serviço a mais do que os seus amigos nomeados.
Hoje, o delegado Luiz Fernando Corrêa, desesperado pelo seu fracasso como administrador, persegue e tenta demitir sindicalistas que atuam amparados pela Constituição Federal.
Afastou definitivamente a nomeação pelo mérito profissional e instituiu um verdadeiro “Clube do Bolinha”, onde para ser nomeado para qualquer chefia o candidato delegado só precisa ser da mesma turma da academia do diretor.
Diante da odiosa administração de Luiz Fernando Corrêa a FENAPEF – Federação Nacional dos Policiais Federais, reunida em Brasília, com representantes dos seus 27 sindicatos estaduais, assinou documento de apoio à indicação do deputado Federal Celso Russomano, especialista em segurança pública, para a direção geral da PF.
A FENAPEF e seus sindicatos filiados que representam 90% dos policiais federais em todo o país, entende que uma pessoa de fora do quadro de delegado, poderá ser imparcial em suas decisões internas e assim ter as condições ideais para programar, de forma imparcial, as mudanças necessárias e inadiáveis, sem se preocupar em dar poder pessoal para essa ou aquela categoria funcional.
Nomear um delegado como diretor geral da PF foi uma invenção do governo Collor.
Um ex-ministro do governo Lula sempre diz: Enquanto a “república dos Delegados” tiver o controle de tudo e sobre todos, qualquer governante poderá ficar refém desse novo SNI da era Hoover.
O indicado para ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, pode, com a nomeação de um nome que não seja delegado, dar uma prova real que está realmente interessado em aperfeiçoar a desastrosa segurança pública existente hoje, e não deixar como está, onde os delegados criam uma verdadeira “república” paralela, apenas para manterem seus cargos e poder junto ao governo federal.
Pergunto: A segurança Pública brasileira, comandada quase que exclusivamente por delegados está satisfatória no Brasil?
Repito. A nomeação de uma pessoa que não seja delegado daria autonomia e autoridade ao ministro para decidir na PF, o que é melhor para a nação brasileira, sem ser “aprisionado” pelos delegados, tal qual vem acontecendo com os últimos ministros que assumiram a pasta da justiça.
A Revista Veja (10/2010) publicou recentemente e não foi desmentida por ninguém a seguinte reportagem:
“O clima de desconfiança no Ministério da Justiça contaminou até o mais alto escalão. A certa altura das conversas, o chefe da pasta, Luiz Paulo Barreto, manifesta suspeita de que seu subordinado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Polícia Federal, o espione. Em inúmeras ocasiões, Barreto revelou a seus assessores não ter ascendência sobre Corrêa. O ministro chega a expressar em voz alta sua desconfiança de que o diretor da PF tem tanto poder que se dá ao luxo de decidir sobre inquéritos envolvendo pessoas da antessala do presidente da República. Um desses casos é relatado por Barreto em conversa no seu próprio gabinete, ocorrida em meados de maio. À sua chefe de gabinete, Gláucia de Paula, Barreto fala sobre o possível indiciamento de Gilberto Carvalho, braço direito do presidente Lula. Em 2008, a PF interceptou telefonemas em que o chefe de gabinete da Presidência conversava com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos investigados na Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas.”
Nomeando um delegado para chefiar a Polícia Federal o ministro da justiça, em pouquíssimo tempo estará refém de uma categoria que somente pensa em si mesma, deixando os demais servidores da PF, onde se encontram hoje, na marginalidade funcional.
As funções de polícia administrativa, aquelas que realmente interessam a toda a população, já que engloba o controle efetivo das fronteiras, tráfico de drogas e armas e etc., estão hoje sendo executadas exclusivamente pelos Agentes da Polícia Federal, mas o comando dos delegados em Brasília não permite , que esse trabalho seja coordenado por quem realmente executa, ficando sua condução através do controle remoto de um delegado a milhares de quilômetros dos fatos. Quase sempre esse delegado nunca colocou os seus pés em uma fronteira.
O futuro ministro da justiça precisa saber que hoje pode nomear quem bem entender para chefiar a PF, (a lei não exige que seja um delegado), mas se insistir no erro de seus antecessores e nomear um delegado, não mudará nada, e com certeza, não terá uma instituição unida e forte.
Terá contra si, de saída, a contrariedade de 90% dos servidores policiais. Tentará, através de um delegado que com o tempo não vai lhe obedecer, comandar a mesma Torre de Babel que se transformou a Polícia Federal brasileira. Para que e por que insistir nesse erro?
A nomeação de um delegado para comandar a PF será a continuidade do caos e das desavenças internas fratricidas, que hoje norteiam o dia a dia da Polícia Federal em todo o país.
Senhor futuro ministro, se quiser virar um prisioneiro político e não modificar a caótica segurança pública do país, e nem colocar um fim nas antigas desavenças internas da Polícia Federal, nomeando um delegado para o posto de diretor geral da PF está no caminho certo, e o governo Dilma será o mesmo do nada em termos de segurança pública! Escreva!
Fonte: Agência Fenapef
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