Fonte: Folha de S. Paulo
Servidores federais em greve aproveitaram o protesto marcado para a manhã desta terça-feira no Rio para denunciar o adiamento, pelo governo federal, da apresentação de propostas de reajuste às diferentes categorias do funcionalismo. Segundo participantes ouvidos pela Folha, a decisão do Ministério do Planejamento foi comunicada ontem aos dirigentes sindicais.
Integrante do sindicato de servidores da Fiocruz, Geandro Pinheiro disse que, inicialmente, o governo tinha prometido apresentar as propostas até o dia 31 de julho. Acabou adiando o prazo para agosto, desmarcando as reuniões de negociação que estavam previstas para os próximos dias.
“Hoje era para ser o dia D, no qual o governo se comprometeu meses atrás de apresentar respostas às nossas reivindicações”, disse. “O adiamento frustrou todo mundo, e temos que marcar posição.”
Os servidores da Fiocruz não estão em greve, mas desde o início do mês muitos têm parado por até três dias por semana como forma de pressão.
Também presente à manifestação, a diretora do sindicato dos servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Susana Drumond, disse que a decisão do governo de apresentar as propostas entre 13 e 17 de agosto praticamente não deixará tempo para as negociações, já que o orçamento para 2012 precisa ser encaminhado ao Congresso até o fim de agosto.
“Eles querem ir arrastando o servidor para a gente não ter como avaliar as propostas”, critica. “O governo se diz dos trabalhadores, mas na prática não vai dar espaço para a negociação. [Quando a proposta chegar, a opção] Vai ser ou sim ou sim”, diz.
A assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento diz que a apresentação de propostas até 31 de julho era uma “possibilidade”, não um compromisso. O órgão informou que desde março foram realizadas mais de 150 reuniões com representantes das diferentes categorias e que a decisão agora está com a equipe econômica.
A assessoria disse ainda que o país sofre impacto da crise global e que o governo não pode ser “irresponsável”. De acordo com o ministério, as reivindicações de servidores do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, das Forças Armadas e do Ministério Público da União somam R$ 92,2 bilhões.
Segundo a Polícia Militar, cerca de duas mil pessoas participaram do protesto nesta terça, que partiu da Candelária até a Cinelândia, no centro do Rio. Entre os presentes estavam servidores da saúde, da educação e de agências reguladoras, além de integrantes do movimento estudantil.
Candidatos do PSOL às prefeituras do Rio e de Niterói, Marcelo Freixo e Flavio Serafini também participaram da marcha. Freixo não quis vincular sua presença à corrida eleitoral.
“Eu participo disso a minha vida inteira. Se não participasse no momento das eleições não faria sentido. Eu estou candidato, mas sou militante. Meu lugar é ao lado do servidor”, afirmou.
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