Fonte: Correio Braziliense
Mesmo com o espírito de moralização das ruas, a Mesa Diretora da Câmara Legislativa adiou um posicionamento sobre a representação contra os deputados Rôney Nemer (PMDB), Aylton Gomes (PR) e Benedito Domingos (PP), condenados por suposta participação nas denúncias da Operação Caixa de Pandora. A Casa reforçou a segurança desde o início das manifestações, mas ainda não apresentou uma pauta ética. Prevista para a manhã de ontem, a reunião foi cancelada por falta de quórum e ainda há uma controvérsia a ser resolvida: o que acontecerá se a votação sobre o destino das denúncias ficar empatada.
O presidente da Câmara, Wasny de Roure (PT), e o segundo secretário, Professor Israel Batista (PEN), vão votar pelo encaminhamento da representação para a Corregedoria. Há uma indefinição sobre a posição do vice-presidente, Agaciel Maia (PTC), e da primeira-secretária, Eliana Pedrosa (PSD). A depender dos votos, caso os dois distritais optem pelo arquivamento, a Câmara terá de dizer se Wasny como presidente dará o voto de minerva. Wasny demonstra desconforto com a demora no encaminhamento do caso.
Era para ser uma reunião de análise do pedido de reabertura de processo ético-disciplinar por quebra de decoro parlamentar contra os deputados Rôney, Aylton e Benedito. O encontro da Mesa Diretora estava marcado por Wasny, e os distritais que poderiam participar já haviam até confirmado a presença. O petista e Israel compareceram e, enquanto aguardavam a possível chegada de Eliana Pedrosa, conversavam, bebiam m água e cafezinho, e até recebiam outros parlamentares. Mas nada de a deputada aparecer.
Preocupado, Wasny ligou para Eliana e soube que ela não apareceria. Com um dia de atraso, a distrital disse que não achava justo analisar o caso sem a presença de todos os componentes da Mesa. O petista tentou argumentar que a chefia da Casa poderia ficar em uma situação delicada, até mesmo pelo momento de cobrança que o meio político brasileiro tem enfrentado com as manifestações populares. Mas não adiantou. Eliana estava decidida. Wasny aceitou a ausência e encerrou a reunião. A análise foi adiada por tempo indeterminado.
Em nota, a assessoria da deputada deu a mesma justificativa da conversa com Wasny. Quer a presença de todos os membros da Mesa para deliberar sobre o requerimento. Na verdade, seriam quatro membros, já que Aylton não pode votar, por ser parte envolvida diretamente. Em caso de um possível empate, será necessário o retorno do procedimento à Procuradoria. É preciso analisar se o voto do presidente pode ser o de desempate, assim como ocorre nas comissões.
Wasny e Israel já anteciparam sua posição. “A Mesa não tem prerrogativa de analisar o mérito. Só precisamos apreciar o parecer da Procuradoria e encaminhar o caso à Corregedoria. A partir daí, é que são emitidas opiniões”, explica Wasny.
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