Fonte: Agência Fenapef
Ontem (16) seria a data para se comemorar o dia do policial federal, mas haveria mesmo algo a ser comemorado?
Após anos de luta em busca da ratificação da condição de nível superior e das atribuições já desenvolvidas no dia a dia por agentes, escrivães e papiloscopistas, na tentativa de equalizar o tratamento dado aos cargos da carreira policial federal, obteve-se a primeira parte num dia e, poucos dias depois, estabeleceu-se um cenário ainda mais negro que o de outrora.
Após a afirmação a um veículo de comunicação de reconhecida credibilidade de que um parlamentar-delegado teria colocado o governo de joelhos para editar a MPV 657/2014, essa infeliz e preocupante afirmação se tornou realidade quando tal instrumento legislativo quase não pousou no Congresso Nacional, tamanha a velocidade de tramitação e forma de tratamento que, nem de longe, poderia ser considerada democrática.
O que se viu foi algo raro, aliados do governo e oposição empenhados de forma uníssona em prol da aprovação de uma proposta falsamente vendida como sendo a promotora da “autonomia da Polícia Federal”. Será? Se fosse para o bem da instituição como um todo cerca de 85% de seu efetivo seriam contra? Quem acreditaria nisso? Haveria alguma lógica?
Entretanto, a democracia e a lógica foram ignoradas e atropeladas numa votação-relâmpago nas duas Casas do Congresso Nacional com pouquíssimos parlamentares contrários. Resta-nos apenas conviver com a realidade de que o governo realmente ficou de joelhos ante as informações cirurgicamente vazadas duma operação policial que tem atingido diversos partidos políticos brasileiros.
Contudo, no dia do policial federal (com letras minúsculas) e diante da aprovação dessa MPV 657, temos muito a comemorar.
Comemoremos a ineficiência do nosso falido modelo policial, cuja manutenção deve servir para atender a interesses de alguns, barganhar vantagens e conseguir benefícios corporativistas travestidos de melhorias de instituições policiais.
Comemoremos o tratamento do Governo Federal aos policiais federais (nos referimos aos exclusivamente policiais) que atenderam a todos os pedidos de que não houvesse paralisações em momentos importantes, participaram de mesas de negociação (ou seria mesa de enganação?) e tomaram uma verdadeira facada negocial quando viram atendidos, quase como um vassalo atendia ao seu suserano, aos pleitos de um único cargo.
Comemoremos a ineficiência, mais uma vez, desse modelo de “investigação” no qual se consegue resolver menos de 10% dos crimes, centralizado na figura dos seus “quase-donos” que insistem nesse procedimento arcaico, vendendo ilusões de eficiência onde não há, dignos do “país das maravilhas (de Alice)” e distante de nosso Brasil que bate recordes de violência diariamente.
Por fim, lamentemos o descaso de tudo o que os genuínos policiais federais têm passado e sido obrigados a conviver nos últimos anos. Lamentemos os 16 (dezesseis) suicídios nos últimos 03 anos e 11 meses e tudo o que merecidamente deveríamos ter conquistado, mas que nos foi tirado diante de motivos escusos.
Sem mais o que comemorar, oremos apenas para que um dia esse cenário seja modificado e a meritocracia possa ser implementada na Polícia Federal.
Diretoria da FENAPEF
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